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Made in Japeri: Mestre Azulão


Por Redação

Cantador, repentista, cordelista, violeiro, poeta. Mestre Azulão, 74 anos, conta a história de sua vida com a mesma entonação com que recita seus versos. Nascido José João dos Santos, em Sapé da Paraíba – “terra de Augusto dos Anjos”, diz orgulhosamente – herdou o apelido Azulão de outro cantador, cujas toadas ele aprendeu aos sete anos. “Os cantadores se distinguem por nomes de pássaros”, explica. Sua vida é igual à de milhares de nordestinos que deixam a terra natal em busca de trabalho no Sul e se confunde com a história da Feira dos Nordestinos. Aos 17 anos, embarcou na carroceria de um caminhão “pau-de-arara” para tentar a vida no Rio.Como tantos, trabalhou em construção civil e foi parar nesse pedaço do Nordeste encravado no bairro de São Cristóvão.

Mestre Azulão é a memória viva da Feira dos “paus-de-arara”, como gosta de dizer. Foi um de seus fundadores e participou dos bons e maus momentos, quando a repressão apertava. “Na década de 60, tentaram derrubar a Feira três vezes”, conta. Numa delas, foi preso, já que era um dos diretores. A poesia o salvou: um registro do antigo Ministério da Educação e Cultura, certificando que era poeta popular, o livrou de dormir na cadeia. “Nesse dia, fui o único a trabalhar no Campo de São Cristóvão, onde vendia meus folhetos de cordel”. Toda a história da Feira dos Nordestinos está contada no cordel que ele fez para a inauguração do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas.

Na roça, ainda no Nordeste, estudou até o terceiro ano do antigo primário. O gosto pela leitura apurou a língua: “o cantador procura se lapidar no português claro”. Fala com paixão do poeta preferido, Augusto dos Anjos, que – afirma – escrevia com uma “métrica tão perfeita” .

Sua produção de cordel já chega a mais de 300 livros. Estreou no programa de Almirante, na Rádio Tupi, onde também se apresentou o Cego Aderaldo. Cantou seus versos na Europa e nos Estados Unidos. “Saí até no New York Times”, conta. Mas, apesar do sucesso, Mestre Azulão confessa que não “enricou, porque a cultura brasileira é espezinhada”.

Voltou à Paraíba só para visitar os parentes. Hoje mora em Japeri. Tem três filhos, um de cada casamento. Quando resolveu deixar o Nordeste, escolheu o Rio para morar porque “naquele tempo só se falava em Rio de Janeiro, já que muitos não queriam São Paulo por causa do frio”. A rivalidade entre as duas cidades foi cantada em versos bem-humorados:

“A mulher guanabarina / em tudo tem perfeição / a boca é um cravo abrindo / cintura é um violão / São Paulo é um deus-nos-acuda / só dá mulher barriguda / danada por macarrão.”
Seguindo a tradição da literatura de cordel, usa os fatos corriqueiros e as modas como tema dos livretos. Assim surgiram A saia que suspendeu, quando surgiu a moda da minissaia, e Terror nas Torres Gêmeas, que conta o ataque terrorista ao prédio de Nova York.

Outros textos:

José João dos Santos (MESTRE AZULÃO) é paraibano, radicado no Rio de Janeiro há várias décadas, é um dos principais fundadores da Feira de São Cristóvão. Sua banquinha de Literatura de Cordel, no pavillhão da feira, é ponto de venda dos folhetos da Tupynanquim Editora.
Azulão, além de ser o autor de mais de 300 títulos de cordel, ministra palestras, é repentista e cantador de romances.

diariodafafi.blogspot.com/…/quinta-da-boa-vista-e-mestre-azulo.html

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Cantador, repentista, cordelista, violeiro, poeta. Mestre Azulão é a memória viva da Feira dos “paus-de-arara”, como gosta de dizer. Foi um de seus fundadores e participou dos bons e maus momentos, quando a repressão apertava.Sua produção de cordel já chega a mais de 300 livros. Estreou no programa de Almirante, na Rádio Tupi, onde também se apresentou o Cego Aderaldo. Cantou seus versos na Europa e nos Estados Unidos. “Saí até no New York Times”, conta. Mas, apesar do sucesso, Mestre Azulão confessa que não “enricou, porque a cultura brasileira é espezinhada”. Hoje mora em Japeri, onde já trabalha como diretor de Cultura do Município.

http://sentimentos-sam.blogspot.com/2007/06/mestre-azulo.html