Aconteceu na semana passada uma audiência pública com a presidente da comissão, a deputada Marta Rocha, na Câmara de Japeri para tratar do problema da segurança pública em Japeri.
O prefeito de Japeri, Carlos Moraes, disse à presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa (Alerj), deputada Marta Rocha, que o município deve ser palco, até o dia 31 de dezembro, de “confronto violento” entre quadrilhas de traficantes do município e da capital. O motivo, segundo afirmou, seria um acerto de contas por causa do furto de 50 fuzis de uma das facções rivais.
A revelação em tom dramático foi feita durante audiência pública na Câmara Municipal, proposta pelo vereador Helder Barros, para pedir aumento do efetivo do 24º Batalhão (Queimados), que também é responsável pelo policiamento de Japeri, Itaguaí, Seropédica e Paracambi.
Os vereadores querem ainda um caveirão e duas cabines blindadas, uma no Arco Metropolitano e a outra na Via Dutra, no acesso da Avenida Tancredo Neves ao Distrito de Engenheiro Pedreira. Helder lembrou que os comerciantes estão arriando as portas ao anoitecer por conta da violência.
Para o presidente da Câmara Municipal, vereador Wesley George de Oliveira, o Miga, a situação mais crítica ocorre nos bairros da Lagoa do Sapo e Morro do Orfanato, em Japeri, dominado pelo Comando Vermelho, e no Guandu, em Engenheiro Pedreira, que está sob o domínio da ADA. “Se não aumentar o efetivo (policial) não vai adiantar nada, porque a sensação é de insegurança”, deixou claro.
PEDÁGIO DE R$ 10 MIL PARA SUPERMERCADOS
“O negócio está ficando feio para nós aqui. Estamos precisando da ajuda de vocês, senão, não sei o que vai acontecer”, reforçou o prefeito. Segundo ainda Carlos Moraes, circulam nas redes sociais a informação de que existem pelo menos 50 fuzis nas mãos de traficantes da ADA, que ocupam atualmente a comunidade do Guandu, uma das regiões mais violentas de Japeri. O prefeito disse ainda que já alertou o governador Luiz Fernando Pezão, por telefone, sobre a situação de insegurança no município.
“Hoje, as bocas de fumo de Japeri talvez tenham mais fuzis do que o quartel (do 24º Batalhão) da PM e a Polícia Civil, juntos. Estamos vivendo esse momento difícil, muito difícil”, contou. Carlos Moraes disse ainda que recebeu denúncia dando conta de que os traficantes também estariam propensos a cobrar pedágio mensal de R$ 10 mil aos supermercados da cidade. “Essa é a realidade que estamos vivendo”, observou, salientando que a população está sob o domínio “de 20 a 30 picaretas com fuzil na mão e nada acontece”.
Marta Rocha, que também é delegada de polícia, prometeu levar a denúncia de Carlos Moraes ao conhecimento do Secretário Estadual de Segurança Pública, Roberto Sá; do Chefe de Polícia Civil, Carlos Leba, e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias. Ela marcou também outra audiência pública na Alerj na semana que vai anteceder ao recesso legislativo para discutir o problema mais profundamente.
UPP EMPURROU A VAGABUNDAGEM PARA A BAIXADA
Membro também da Comissão de Segurança da Alerj, o delegado e deputado Zaqueu Teixeira não poupou críticas à política das UPPs.
“A implantação das Unidades Pacificadoras funcionou para colocar os policiais nas favelas do Rio. Mas, para quem mora na Baixada Fluminense, em Queimados e Japeri, isso foi uma das piores coisas que fizeram com as nossas cidades. O que eles fizeram foi empurrar para cá vagabundos do Rio de Janeiro”, criticou.
Para Teixeira, a denúncia do prefeito é muito grave e precisa de uma resposta eficiente com a mobilização de forças externas do Bope e do Batalhão de Choque. O deputado defendeu ainda um plano de ação conjunta para atacar tráfico em Queimados e Japeri, simultaneamente. A situação, hoje, nos dois municípios, segundo o deputado, “está insuportável”.
Durante a audiência pública, o prefeito Caros Moraes reclamou ainda dos adversários políticos que, conforme frisou, “discriminam Japeri”, dificultando ações do aparelho da Segurança Pública no município, onde, segundo ele, o policiamento é nulo, tanto na área da Polícia Civil quanto na Polícia Militar. “Não existe polícia para nos ajudar, estamos entregues à própria sorte”, queixou-se, ponderando que o 24º BPM dispõe apenas de pouco mais de 200 policiais para atender a quatro municípios.
O prefeito disse ainda que os policiais nascidos e criados em Japeri estão se mudando da cidade. “Não é covardia, é a lógica, é o bom senso para salvaguardar os filhos deles”, aprovou.
“APATIA ESTÁ DOMINANDO O CIDADÃO”
“Precisamos ser mais drásticos, a polícia tem que ser forte, poderosa, como é a polícia dos Estados Unidos, da China, da Rússia. Somos patrulhados por traficantes, a população está acuada. Temos que mudar isso”.
O prefeito atribuiu a fuga de empresários tanto do município, quanto do estado para outras regiões, à sensação de insegurança. Para ele é preciso haver mudança de consciência para dar um basta.
“Não é mais possível ficarmos alheios ao que está acontecendo. Empresários estão indo embora do Estado, de Japeri, com medo, por causa do Arco Metropolitano, que não tem segurança. Não sei o que vai acontecer. A covardia, a apatia está dominando o cidadão”, disse.
Para Carlos Moraes, a Polícia Civil precisa se estruturar e a PM tem que tomar outro rumo. “Temos que unir forças e de alguma forma arrumar uma solução. Do contrário, a população vai ficar abandonada, entregue à própria sorte”, advertiu.
A audiência pública contou com a participação de todos os vereadores de Japeri, além de delegados de polícia, comandantes de batalhões e representantes da sociedade civil organizada.
Fonte: Ascom PMJ