Vamos avaliar de quais armas atualmente dispomos e o que estamos fazendo para nos livrar deste mosquito e/ou dos vírus letais que transporta.
Algumas são conhecidas:
1. Vacinas. A vacina da dengue já está em fase final de estudos e deve nos proteger dos 4 sorotipos existentes. Vários laboratórios no mundo a estão pesquisando. Isso é muito bom, pois quem ganha esta concorrência saudável somos todos nós. Uma delas, já aprovada pela Anvisa, será indicada para pessoas de 9 a 45 anos de idade. Podemos perguntar: e as outras faixas etárias? Ficarão à mercê do Aedes? Sim, mas a boa notícia é que quando se diminui a quantidade total de vírus circulando na população, diminui-se também, em consequência, o número total de doentes.
Importante lembrar que para o Aedes contaminar uma pessoa, primeiro ele deve picar alguém que está com vírus circulando no sangue. Só a partir deste momento é que este mosquito passa a ser um transmissor. Portanto, se há menos gente contaminada, melhor para todos.
A vacina do zika vírus está ainda longe de ser concluída. Deve seguramente demorar mais de 1 ano para estar disponível para a população.
Contra o chikungunya não temos previsão de vacinas.
Portanto, estas nossas “armas vacinas” limitam-se a combater, num futuro mais próximo, apenas o vírus da dengue.
2. Repelentes. Os repelentes indicados contra o Aedes são os que contem Icaridina e DEET. Os outros tem uma eficácia limitada, o que restringe seu uso. São uma arma eficiente, desde que utilizados e reaplicados sempre que necessário. Este é um grande problema: a reaplicação constante. Muitas pessoas ficam impossibilitadas de reaplicar. Ou porque esquecem, ou estão na rua, ou no trabalho ou mesmo em escolas. Ninguém quer acordar no meio da noite para passar repelente. E há dúvidas sobre o momento de passar e/ou reaplicar o repelente. Tem mosquito na escola do seu filho? Na rua em que você está passando rapidamente? Pode-se passar e reaplicar sempre, todos os dias? Muitas dúvidas reais. Além disso, não os podemos utilizar em bebês com menos de 6 meses. Este é um fator limitante importante para esta faixa de idade.
3. Mosquiteiros. Conferem uma excelente proteção mecânica. Podemos usar a imaginação para construir mosquiteiros que cubram as camas grandes e/ou os berços dos pequenos. Podemos telar nossa casa. Mas esta também é uma arma que oferece muitas limitações, posto que não podemos viver em uma “bolha”, fechados dentro de um tecido de mosquiteiro.
4. Não jogar lixo nas ruas e não deixar locais que possam acumular água. No Brasil isso é tarefa impossível. Observem atentamente em TODAS as cidades brasileiras a quantidade de lixo acumulado em terrenos, calçadas, casas, quintais, ruas, praças ou jardins. Onde há pessoas há chance de ter lixo. Jamais conseguiremos evitar que pessoas continuem jogando as mais variadas formas de acumuladores de água nas ruas. Todos tem esta informação. Não obstante, muita gente continua jogando lixo. Esta arma, portanto, é praticamente inglória.
5. Informação. A informação em saúde é uma arma poderosa. É o que nos torna mais fortes e mais capazes de vencer esta guerra. Desde que, claro, tenhamos a disposição de colocar em prática o que for necessário para o bem de todos. Não só para o nosso bem. Para o de TODOS.
E aqui vai uma informação que podemos passar para frente: as pessoas que estão doentes, com diagnóstico atual de dengue, de zika ou de chikungunya e estão em casa DEVEM usar repelentes constantemente, com reaplicações a cada 6 horas. Porque isso, se já estão doentes? Porque os doentes são as pessoas que transmitirão o vírus na picada do Aedes. Os doentes, portanto, são a “fonte” de vírus que entram no Aedes. E este Aedes é que transmitirá os vírus, na sua próxima picada, para quem ainda não está doente.
Difícil imaginar que uma pessoa doente com dengue, zika ou chikungunya passe repelente a cada 6 horas? Pode ser. Mas para o bem comum, todos os esforços deveriam valer a pena, não é mesmo?
Como podemos ver, todas as armas que atualmente estão à nossa disposição são indiscutivelmente insuficientes. Esta guerra está muito, muito longe de terminar.