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Tuberculose: ainda uma emergência global


Por Coluna NilCultura

Imagine uma doença que tem as seguintes características:

– descobrimos há mais de um século qual é o agente infeccioso que a causa;

– mais que isso: temos a genotipagem completa deste agente causador;

– existe uma vacina preventiva, já administrada para os bebês na maternidade, com 48 horas de vida, e que faz parte do calendário público de vacinação;

– é transmitida pelo contato com a respiração de uma pessoa doente;

– não depende, portanto, de mosquitos vetores que voam por todo o lado;

– há tratamento eficaz para a grande maioria dos casos;

– o tratamento leva à cura completa da doença.

Difícil – ou quase impossível – imaginar que uma doença com estas características seja considerada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no final do século XX, uma emergência global. Pois é. Estamos falando da tuberculose.

Segundo a OMS, aproximadamente um terço da população mundial está infectada, neste início do século XXI, sendo que 80% dos casos ocorrem em apenas 22 países, entre os quais está o Brasil, que ocupa o 18o lugar. Em 2014, o mundo registrou 9,6 milhões de casos e 1,1 milhões de óbitos entre as pessoas HIV negativas.

No Brasil, a tuberculose é a 3a causa de morte por doenças infecciosas e a 1a causa de óbito entre as doenças infecciosas definidas nos pacientes com AIDS.

É importante ficarmos atentos aos sintomas desta doença para não perder tempo e iniciar o tratamento o mais rapidamente possível. Isso para evitar que a doença se espalhe, pois pessoas contaminadas – que não sabem ainda que o estão – persistem tossindo e contaminando pessoas susceptíveis.

Os sinais são pouco significativos e não chamam muito a atenção no início: uma febre baixa, que acontece geralmente no final do dia, cansaço, mal estar, sensação de fraqueza, tosse, dor no corpo, suor noturno e inapetência.

Estes sintomas, por serem muito inespecíficos, podem perdurar meses sem que a pessoa procure o médico. Muitos confundem este quadro com o cansaço e a correria do dia a dia e “vão levando” a vida.

Com o passar do tempo, o cansaço e o mal estar vão se acentuando, o emagrecimento se torna mais evidente e a tosse, mais persistente, pode se apresentar com sangue.

O diagnóstico é feito com o RX e exames de escarro, onde se detecta o bacilo causador da tuberculose, descoberto por Koch, no final do século XIX.

O tratamento da tuberculose é longo. Dura no mínimo 6 meses e é feito com uma combinação de até 4 antibacterianos que devem ser tomados todos os dias. Este é um dos problemas. Muitas pessoas, quando se sentem um pouco melhor, abandonam o tratamento. Isso é grave, não só pelo fato de que ainda não estão curadas mas também porque pode levar à resistência do bacilo.

Hoje em dia a tuberculose resistente é um dos problemas que mais preocupa autoridades de saúde no mundo inteiro.

Nem sempre o conhecimento científico é suficiente para acabar com uma doença. Se não fizermos uma outra importante  parte, o que significa garantir melhores condições de vida para as pessoas deste planeta, de nada adianta saber tudo. A tuberculose está aí para nos jogar isso na cara.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/