Neste poema, Miriam Lopes Pontes aborda a rejeição a Maria durante o nascimento de Jesus, traçando um paralelo contemporâneo com ironia e crítica às prisões dos pássaros em gaiolas. Enquanto Jesus não pôde encontrar um lugar para nascer, os pássaros, presos em suas gaiolas, já nascem mutilados, impedidos de alçar voo rumo aos céus.
“Meu Presépio”
Outra mentira? Ou uma história para justificar a pobreza e a miséria como conforto para a falta de tudo entre os proscritos?
Era preciso essa indecência para provar que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós?”
Não havia um teto cuja dona da casa pudesse ceder sua cama à Maria que estava parindol
Foi preciso ir pro meio do mato montar uma palhoça com a presença de vacas, bezerros, burricos, uns trapos… Esconderam as cobras, ratos, baratas (na época não havia Álcool Gel)…
Ficou bonitinho! As crianças adoravaml Vamos ver o menino Jesus na manjedoura!
Foi preciso ir pro meio do mato para Jesus nascer! Pra provar que o Rei nasce nos restos, nas sobras da terra… Enquanto os outros reis e potestades do mundo, nascem em castelos, tendo os corpinhos envoltos em lençóis bordados a ouro…
Como historiador infantil, seria impróprio para menores de 18 anos; como referência religiosa, falta raciocínio lógico; como ter que existir um começo desastroso, passar uma fé embutida, consentida numa penúria do flagelo humano. É viável?…
Seria mais correto – higiênico, ter nascido um cordeiro, uma pomba branca… Mas também não existiam epidemiologistas, vacinas, coisas que pudessen orientar um PARTO DIVINO.
Maria serviu apenas de incubadora para um Nascer… Não tinha importância onde Ele nasceria, iria ser crucificado mesmo…
Eu tinha um presépio de louça… Era de vidro e se quebrou…